segunda-feira, 14 de julho de 2014

Voltando à militancia? Não, apenas descendo do muro


Já faz incríveis 2 anos e 10 dias desde meu último post. Justifico-me dizendo que aquele calor ateu militante em meu coração deu uma esfriada, mas não explica a ausência
 
De lá para cá, infelizmente, li e estudei muito menos do que me propus. Dentre outros motivos estão minha total dedicação à música e ao antigo namoro.

Bom, o que me trouxe de volta então?

Sinto-me sendo cercado cada vez mais, não exclusivamente nas redes sociais, por uma tendência cristã, evangélica ou não. Como o simples assunto religioso me deixa com as orelhas em pé, eu me atrevo a dizer que reparo mais nisso do que quem está no meio. E, portanto, digo ver uma crescente religiosidade nas pessoas que antes não demonstravam nada.

Da mesma forma como o ateísmo resolveu sair do armário com o advento das redes sociais, através de grandes grupos como a ATEA da qual compartilho um cauteloso interesse, ou de relatos e outros blogs humorísticos e sérios sobre ateísmo; acho que as pessoas religiosas também estão tomando partido e descendo do muro.

Com a propaganda evangélica e cristã que temos hoje nos mais diversos meios, com políticos religiosos fanáticos, lideres religiosos sem escrúpulos e a alta no “valor de mercado da fé”, reparei que há um recondicionamento no significado de ter fé. Por mais que nossos avós tenham vivido tempos bem mais restritivos, religiosamente falando, e sempre demonstraram a religião em seu comportamento (do pedir a benção no bom dia ao ouvir o “vai com deus” na boa noite) e embora nossos pais já tenham tido um acesso levemente maior a outras crenças além do cristianismo e até mesmo puderam ignorar a religião para todos os efeitos, vejo jovens como eu, que nunca deram bola para nada tomarem um lado. Pessoas que sempre estiveram alheios à religião, falando de deuses.

Como eu entendo isso?

Acredito, sem estudo nenhum, que devido à banalização que os evangélicos trouxeram à religião fanática, os pouco religiosos sentem-se pouco incômodos aos falarem das suas também. Por banalização eu me refiro justamente a condição de ver o fanatismo cada vez mais tolerado, promovido e incentivado pelos cristãos mais fervorosos (do evangélico ou pentecostal, do adventista ao seguidor da igreja da esquina).

Tenho a impressão que antes dessa banalização, a religião estava tomando, de maneira totalmente involuntária e despercebida, uma posição de conforto no âmbito comum sem uma implicação alegórica. A religião seguia bem lentamente um caminho para ser algo mais pessoal e que seria talvez inofensiva em muitos aspectos. Porém, com o crescimento do mercado da fé, o marketing impressionante e a entrada de adeptos cada vez mais dedicados, a religião está, como por toda história, tomando para si o âmbito social como uma força talvez não vista a décadas, séculos.

Nisso vejo, portanto, os que são apenas religiosos “não praticantes”, menos religiosos ou até mesmo indecisos, sentirem-se confortáveis em trazer esse lado religioso afora. Ou pior, a necessidade de demonstrar que são crentes também. Enquanto, ao mesmo tempo, se destacam da taxação de fanáticos, uma vez que tocam delicadamente o assunto, apenas para pontuar sua opção, e não entram no mérito de pregar a crença.

Pois bem, nos últimos 2 anos e 10 dias eu adotei uma postura passiva, quase apagada, sobre o meu papel como ateu. Resumindo-o a não crer (óbvio), estudar sempre que possível e ignorar as discussões, deixei de lado a militância. Hoje volto a me questionar sobre o que eu deveria estar fazendo. No medo de me tornar um ateu fundamentalista, me tornei um ateu a toa e vi as coisas crescerem para os dois lados. O ateísmo nunca esteve tão em evidência como hoje, da mesma forma que o fanatismo religioso.

Fiquei com preguiça de ouvir sempre o mesmo discurso e ser o único a procurar novas abordagens para rebater as crenças cegas, uma vez que crença não requer abordagem. Mas acho que vale a intromissão, uma vez que existe um lado não ouvido, pouco representado e cheio de tabus e mitos depreciadores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Conceituando um deus

Após alguns debates com diversos tipos de opinião, vejo que o conceito da palavra “deus” e o que ela significa e, se posso assim dizer, demonstra, tem uma grande divergência entre as pessoas. Do design inteligente à metafísica a palavra e à ciência “deus” representa coisas diversas que podem não ter nada a ver entre si, mas todas tem uma forte ligação: “O Princípio de Tudo”. Salvo rara exceção, não interessa o que é “deus”, mas sim que ele/ela/isso é responsável pelo ponto de partida de tudo o que existe.

Bom, para mim esse ambiente comum está errado e, em um breve explicação, digo que um evento aleatório não pode ser denominado da mesma forma com um ser pensante criador. É por isso que existem denominações especificas para acontecimentos específicos. O Big Bang, apenas para exemplificar, teoria mais aceita do surgimento do universo, pode ser atribuída como sendo o evento Deus, então duas pessoas, uma criacionista e outra não, acreditam em deus, mas de maneiras completamente distantes uma da outra.

O que me fez querer definir a palavra “deus” é o meu post anterior (já razoavelmente datado e bem mal escrito) sobre o Bóson de Higgs, também conhecido como Partícula de Deus. Vejamos como essa aproximação, da explicação científica (existência ou não do Bóson de Higgs) para a resposta criacionista (apelido de “Partícula de Deus”), é perigosa, mas antes a minha conceituação breve.

Para definir a palavra “deus” preciso fertilizar o solo com alguns dos meus princípios e de certa forma eles são cíclicos.
1) Eu sou gnóstico, ou seja, acredito que seja possível provar a existência ou a inexistência de um deus.
2) Metafísica é filosofia sobre o desconhecido, ou seja, se não tenho uma resposta posso filosofar sobre o assunto.
3) Tudo que existe pode ser comprovado, ou seja, o “transcendental”, o “mítico”, o “milagroso” são meramente fruto da falta de repostas e deixarão esses patamares no momento em que forem comprovados ou rejeitados. E tudo que existe pode ser comprovado.

A definição: a palavra deus representa um ser, ou vários, pensante, com vontade própria, responsável pelo ponto de partida de toda a existência. Deus é o designner inteligente, deus é o responsável pelo design intencional e proposital. Este ser pode ou não ser responsável pela manutenção do universo e tudo que há nele, assim como apenas da vida na Terra e seu habitantes. Este ser pode tomar suas próprias decisões de forma proposital ou não. O importante do conceito é que ele é um ser pensante.
A negação: a palavra deus não é um evento de nenhum tipo.
*se eu me sentir mal compreendido, me reservo o direito de reformular os conceitos acima.

Portanto, eu, como ateu que sou, não acredito em um deus. Não acredito que um ser pensante que , intencionalmente ou não, propositalmente ou não, tenha sido responsável pela existência. Muito menos que este ser seja responsável pela manutenção de tudo que existe. E, como gnóstico, acredito que possa ser provado isso.

Então o que é perigoso nesse exemplo da “Partícula de Deus”? O Bóson de Higgs é uma partícula que explica o surgimento de toda a massa da matéria. Ou seja, de modo extremamente cru, seu apelido se dá devido à criação da massa da matéria a partir do nada. Mas essa partícula não é deus, essa partícula é um agente (Bóson de Higgs) em um evento (Criação da massa da matéria), totalmente aleatório, imprevisível, não intencional e não proposital. Portanto, chamá-la de partícula de deus apenas coloca mais um degrau (que surgiria naturalmente) na escada redutiva do tipo “se deus criou tudo, quem criou deus?”. E mais uma vez vamos cair na armadilha de que a ciência vai acabar explicando deus e não provando sua existência ou inexistência.

Portanto, não proponham que qualquer coisa, além de um ser pensante criador, seja taxado com qualquer relação a um deus.
Podemos nunca ter provas definitivas da inexistência de um deus, visto que a metafísica vai sempre estar a um passo transcendental além de todas as explicações, afinal, filosofar é a primeira forma de se procurar uma perguntar para tentar responder. Mas, se a ciência for tratada de forma puramente concreta, colocará a existência de um deus em cheque em todas as novas perguntas que vierem.

Afinal, se não foi um ser pensante criador que começou tudo, então foi um evento aleatório.

Ou nossa noção de tempo é apenas baseada na experiência própria de começo e fim que a possibilidade de uma existência cíclica parece loucura?
Tema para o próximo post? Existência Cíclica, Multiversos e mais!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Partícula de Deus

Hoje estamos vivendo a prévia de um momento histórico.
A partícula Bóson de Higgs, também chamada de "partícula de Deus", volta aos holofotes midiáticos após o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) afirmar que estão próximos de provar a sua existência. Essa partícula, que teria dado origem à massa e a outras partículas do universo, validaria o modelo padrão atual de partículas e abriria um novo horizonte de pesquisas para o mundo da física. Veja a notícia do UOL:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/bbc/2011/12/13/mundo-aguarda-anuncio-de-existencia-de-particula-de-deus.jhtm

Lisa Randall, física teórica da Universidade de Harvard fala sobre as partículas
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/o-que-e-o-boson-de-higgs-e-como-ele-afeta-a-fisica/n1597406581448.html

Quais serão as implicações para a hispótese da existência de deus se as partículas de Higgs forem encontradas?
Seu nome foi ligado a deus, porque suas propriedades teóricas são a razão do surgimento da massa e das particulas como conhecemos hoje. Dessa forma, com a possibilidade de ter sido a "origem de tudo", a apelidaram assim. A grande sacada é que, se comprovada, ela deixará a existencia de deus em cheque. E venha me dizer: "Mas ela foi uma forma de deus criar tudo" que eu responderei "então seu poder soberano já está não apenas sendo entendidos por nós, mas também está sendo reproduzido por nós" e uma vezes que podemos equiparar à criação "divina" não há mais divindade na criação.
De qualquer forma, estamos próximos ao "Darwinismo" da Física.
Se a biologia evolucionista está comprovada e a origem da vida pode se apoiar firmemente nela, a física está próxima de explicar como as particulas surgiram e puderam dar origem às origems.

E se for comprovada a inexistência do bóson de Higgs, a física ainda sai ganhando.
Se o modelo padrão está erroneamente baseado em uma partícula inexistente, a física terá novas direções de pesquisa e novas teorias virão à tona. E, argumentando que é só uma forma de provar que a física está errada e deus não pode ser explicado e desmentido pelo homem, digo que última revira volta do mesmo porte que tivemos na física ocorreu muitas décadas atrás e nos deu a físca quantica ;)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um força maior?

Primeiro post do blog eu não sei ainda qual linha seguir. Não sei se começo pelas experiências, pelos estudos, com ordem ou sem ordem. Não sei nem bem por onde começar, mas vamos lá.

Hoje fui acometido por uma grande amiga de longa data em uma rápida conversa a caminho do trabalho. Foi a primeira vez que falei para ela, usando as “palavras proibidas”, que eu sou ateu. É muito curiosa a reação das pessoas. Essa amiga me conhece a tempo suficiente para saber – e ela sabe – que eu não rezo, que eu não vou à igreja, que eu não acredito que seja importante ter uma religião, que eu não ligo para a “palavra de deus”, que eu sou mais interessado em respostas concretas do que em divagações espirituais e que eu acho que tudo relacionado a sobrenatural é baboseira. Porém, apesar de saber tudo isso e não se importar, ao ouvir aquela frase sua reação foi uma surpresa para mim.

- Eu sou ateu.
- Perai, mas que história é essa de ateu? Você não acredita em Deus?
- Não, e já faz muito tempo.
- Tudo bem você não acreditar em Jesus ou no espiritismo e essas coisas, mas não acreditar que existe uma força maior é ignorância!
- Ignorância?

Será que é ignorância mesmo? Qual o conceito de força maior para ela? Não tive tempo de discutir, já tinha chegado ao trabalho, mas não antes de ouvir:

- Se deus quiser você nunca vai precisar dele. E eu espero que você nunca precise dele, porque enquanto está tudo bem ninguém se lembra de deus, mas é nas horas de sofrimento que todo mundo vai atrás dele.

Vou contar para vocês que essas são duas coisas que me tiram um pouco do sério.
Ignorância segundo o Aurélio:
“Falta geral de conhecimento, de saber, de instrução. / Estado de quem ignora.”

E qual é exatamente uma das premissas da maioria, se não de todos, os ateus?
Nós não queremos acreditar, nós queremos saber. Sentiu a diference? Não há verdade que perca ao ser confirmada. Em compensação não há nada na religião que me prove nada, eu posso acreditar naquilo ou não. Deus? Eu não sei se ele existe, mas estou longe de acreditar que sim.
E quanto a uma força maior, bom eu não sei o que pode ser essa força maior, mas sei que se ela parte do princípio que é inteligente, criou e rege o universo, eu também tendo a refutar a hipótese. Até porque, para ela existir ela deve ter vindo de algum lugar e isso apenas gera mais perguntas, muito mais complexas e responde apenas uma.

Citando Douglas Adams: “Não basta apreciar a beleza de um jardim, é preciso também acreditar que há fadas nele?”

Convite informal

Convido você, que está lendo isso ou qualquer outro texto deste blog, para me acompanhar em uma jornada.

"Nasci no final dos anos 80 em uma família católica e fui batizado, duas vezes. Minha história controversa já começa por ai. Um batismo oficial ainda bebê e, depois que "perdi" meus padrinhos, um batismo simbólico ao meus 5~6 anos, para que eu não crescesse sem patrinhos.
Aos 10 anos fui catequizado em uma igreja linda, com direito a canções cerimoniais, palavras de "deus" e toda a categoria que esse evento costuma ter.
Aos 12 eu me perguntei 'por que?'. Foi essa a primeira vez eu questionei toda a fé dos meus pais, da minha família e a minha própria. Mas apenas me questinei, porque não sabia se era certo pensar assim. 
E foi então que tudo veio abaixo."

Essa é a minha história religiosa em um resumo curtíssimo, apenas para ilustrar.

Convido você a ler, pensar, questionar, debater e acompanhar os meus pensamentos e como foi - e está sendo - a construção do meu argumento ateu e meu estudo, recém começado, sobre as religiões, deus, ciência, evolução, cosmologia e tudo que interfere na minha escolha pelo ateismo em detrimento de deus e da religião, seja ela qual for.
Convido você a compartilhar a sua história enquanto compartilho a minha. Desde o primeiro estágio de questionamento, até ao preconceito e a cara de tristeza que recebemos ao declamar: "Eu sou ateu.

Espero que esse blog desenrole e siga um bom caminho, sei que as críticas criacionístas, evangélicas e fanáticas estarão presentes e já estou preparado psicologicamente para isso. Peço apenas que não façam ameaças de morte e sofrimento - falarei delas em um texto - e mantenham a postura crítica de maneira engrandessedora e não humoristica.

Uma boa leitura para você, tentarei ser sucinto em meus textos e errar o mínimo póssível na digitação/gramática.

João Pedro Carbonari Pinheiro
Músico, Administrador de empresas e Ateu